por: Lúcio Vérnon | Editor

O fogo já dura três dias no mato próximo ao bairro Alto da Extrema. Desde o primeiro clarão, o Corpo de Bombeiros Civis de Correntina – contratado pela Prefeitura – tenta conter as chamas que se espalham com facilidade na vegetação seca. O trabalho não é simples: a área é extensa, de difícil acesso, e o vento quente de setembro acelera a propagação. O que parecia estar sob controle logo no primeiro dia voltou a ganhar força depois que, segundo testemunhas, duas pessoas em uma motocicleta Biz atearam fogo novamente no local.

Essa suspeita de incêndio criminoso não é isolada. Agosto foi marcado por outros episódios que acenderam o alerta no município. Na região das Sete Ilhas, vizinhos apontaram que um morador tinha o hábito de queimar lixo em um terreno baldio. Um dia, a prática terminou em labareda descontrolada que cercou muros, invadiu quintais e deixou moradores em pânico. Baldes d’água e mangueiras improvisadas não deram conta do fogo que se alastrava em minutos, levantando fumaça tóxica que fez tossir crianças e idosos.

Na mesma época, outra ocorrência assustou: a chamada “casa de Xica da Silva”, no bairro São Lázaro, foi atingida por chamas em plena noite. Ninguém se feriu, mas os rumores tomaram conta das conversas de WhatsApp: falava-se em vingança, em desavença antiga que teria resultado em fogo posto. A Polícia Civil investiga, mas o medo se espalhou entre vizinhos que viram de perto como disputas privadas podem se transformar em ameaça coletiva.

Nem sempre, porém, o fogo tem origem em rivalidades. Muitas vezes é hábito ou descuido. No Ranchão, um morador foi multado em R$ 500 por atear fogo em lixo no quintal. A prática, comum no período de estiagem, foi denunciada e virou autuação dentro da campanha municipal “Antiqueimada”. O caso serve de recado: queimar não é limpar, e o que começa como chama pequena pode sair do controle em segundos.

Bombeiro civil no cerrado de Correntina - Bahia - Foto de Samuel Oliveira

Exemplo disso ocorreu em um episódio anterior, quando a queima de restos de roçagem em terreno vizinho avançou até o pátio da Prefeitura e destruiu mais de 50 motocicletas apreendidas pela Polícia Civil. Um prejuízo público que mostrou como uma faísca mal conduzida pode se transformar em desastre.

As cenas se repetem, mudam apenas os endereços. O que fica é a certeza de que Correntina enfrenta uma rotina perigosa: o fogo usado de forma irresponsável – seja por vingança, por descuido ou por costume – ameaça patrimônio, saúde e meio ambiente.

Como denunciar

A Prefeitura orienta que qualquer foco de incêndio ou queimada irregular seja denunciado imediatamente pelo WhatsApp (77) 98823-3369. Em caso de emergência, a população pode acionar o Corpo de Bombeiros Civis de Correntina pelos números (77) 92007-1079 e (77) 99834-7444, ou pelo e-mail cdbccrr@gmail.com

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