Documentos e fotos mostram que o idoso esteve assistido todo o tempo. A reportagem publicada por outro veículo omitiu dados técnicos sobre o fluxo de regulação e não procurou informações oficiais.
Na noite de ontem, um episódio envolvendo o atendimento de um paciente idoso no Hospital Municipal de Correntina gerou debate e preocupação na população, após publicação de uma denúncia que apontava suposto abandono por parte da gestão municipal. O Folha Corrente apurou com exclusividade documentos e entrevistas que revelam um cenário diferente do que foi divulgado inicialmente. O paciente

Durvalino Z. de Souza, de 70 anos, esteve sob cuidados clínicos durante todo o período e, segundo registros oficiais, havia sido primeiramente atendido em unidade hospitalar do município de Santa Maria da Vitória, antes de chegar à Correntina.
O caso reacendeu discussões sobre os fluxos de regulação do SUS e mostrou como a desinformação pode gerar juízo precipitado sobre situações sensíveis. Apesar da natural ansiedade da família e da comunidade, a reportagem constatou que não houve interrupção de cuidados, tampouco descaso ou omissão, mas sim limitações estruturais conhecidas no sistema público de saúde e uma demanda reprimida histórica na área de procedimentos especializados no país.
O atendimento e os registros que NÃO FORAM MOSTRADOS na notícia propositalmente
Conforme os documentos disponíveis, o paciente foi atendido inicialmente em Santa Maria da Vitória, cidade-polo da região de saúde da qual Correntina faz parte. Após essa primeira assistência, ele chegou ao Hospital Municipal de Correntina, onde permaneceu internado sob analgesia, monitoramento constante e atualização periódica no sistema estadual de regulação. Técnicos da Secretaria Municipal de Saúde confirmam que todas as condutas médicas necessárias ao quadro clínico foram adotadas, incluindo solicitação de vaga cirúrgica em unidade de referência habilitada.
Diferente do que foi noticiado em tom alarmista, fotos dos documentos mostram que o senhor teve e tem sim o atendimento adequado, com acompanhamento de enfermagem e visitas médicas diárias.
Profissionais de saúde relataram que familiares também foram orientados sobre os protocolos do SUS e que as equipes seguem informando o estado clínico ao sistema regulador.
Por que a cirurgia não ocorreu imediatamente
A ortopedia é, hoje, uma das especialidades mais pressionadas em todo o Sistema Único de Saúde. A Central Estadual de Regulação da Bahia mantém fila única e prioriza casos de risco imediato à vida. No caso de Durvalino, embora a situação fosse delicada e exigisse atenção constante, não havia indicação de emergência que justificasse a chamada vaga zero — mecanismo utilizado exclusivamente para salvar vidas em risco iminente.
Fontes ouvidas pela reportagem informam que há dezenas de pacientes na macrorregião Oeste aguardando procedimentos ortopédicos. A fila é longa e é reflexo de uma demanda histórica por atendimentos especializados que supera a atual oferta. Prova disso é o recente lançamento do programa “Mais Especialistas do Governo Federal”, com o objetivo de diminuição dessa fila. E seguindo essa mesma ideia, o Município já está implantando, através do “Cuidar Correntina” o Mais Especialidades, publicado nas redes sociais da prefeitura no dia 01 de Julho.
O que diz a Secretaria de Saúde
A Secretária Municipal de Saúde de Correntina, Jaqueline Bomfim, também se manifestou sobre o caso e classificou com estranheza a forma como ele foi divulgado. Em fala enviada à imprensa, afirmou:
“No que se refere ao paciente Severino do Valino, eu vejo com estranheza essa situação que foi exposta em matéria. Primeiro porque o paciente não está desassistido, ele não está em situação de negligência. Agora sim, o procedimento que precisa ser realizado nele é um procedimento de uma complexidade maior, exatamente por isso ele está inserido em regulação já com mais de oito dias. Ainda não obtivemos resposta satisfatória. Esse paciente foi acidentado e deu entrada na UPA de Santa Maria da Vitória e depois foi contra-referenciado para o nosso hospital. E está regularmente assistido dentro dos protocolos adequados para o caso e estamos aguardando liberação de vaga. Realmente estranhamos e não estamos nem um pouco satisfeitos em ver uma situação de um paciente exposto dessa forma e provavelmente sendo explorada por pessoas que com certeza desconhecem os procedimentos e também desconhecem como atua a gestão hospitalar no município de Correntina e como são os processos normais de regulação no nosso estado.”
A importância de compreender a regulação
O SUS funciona com base em critérios de regionalização e hierarquia de complexidade. Correntina integra a região de Santa Maria da Vitória e, como outros municípios, solicita vagas especializadas via Central Estadual. Ao contrário da percepção comum, a vaga cirúrgica não depende do município de origem, mas da classificação de gravidade e da disponibilidade do serviço especializado.
Por esse motivo, pacientes podem ser atendidos em qualquer cidade da rede estadual. Na prática, isso significa que tanto Santa Maria quanto Correntina, Barreiras ou Salvador podem acolher pacientes de qualquer cidade baiana. Quando o caso de Durvalino chegou ao Hospital Municipal de Correntina, os profissionais atuaram de forma a garantir toda a assistência que cabia no nível local, inclusive solicitando nova regulação para continuidade do tratamento.
A íntegra da nota oficial da Secretaria de Saúde
Para dar transparência e assegurar o direito à informação, o Folha Corrente publica na íntegra a nota oficial emitida pela Prefeitura Municipal de Correntina, através da Secretaria de Saúde:
NOTA À IMPRENSA
Sobre o caso do paciente Durvalino Souza e a repercussão de informações equivocadas
A Secretaria Municipal de Saúde de Correntina vem a público esclarecer os fatos relacionados à matéria publicada no dia 2 de julho de 2025 pelo portal Jornal de Correntina, que trata da situação do senhor Durvalino Z. de Souza, atualmente internado no Hospital Municipal de Correntina, aguardando procedimento cirúrgico de ortopedia.


De acordo com os registros oficiais, o paciente foi atendido inicialmente em uma unidade hospitalar de município vizinho, onde permaneceu internado por alguns dias. Posteriormente, foi encaminhado a Correntina, e a gestão municipal acolheu o paciente com responsabilidade e humanidade, garantindo todos os cuidados clínicos necessários e atualizando seu quadro junto à Regulação Estadual da Bahia para assegurar a continuidade de seu tratamento com a brevidade possível.
Durante esse período, a equipe médica local manteve acompanhamento contínuo, com controle da dor e assistência conforme os protocolos clínicos, enquanto aguarda a disponibilização de vaga em unidade de referência habilitada.
O Sistema Único de Saúde é estruturado em rede regionalizada e regulada, com fluxos pactuados entre os municípios e o Estado. A Central Estadual de Regulação é responsável por organizar os atendimentos de média e alta complexidade com base na classificação de risco e na gravidade clínica, e não apenas na cidade de origem do paciente.
Correntina integra a região de saúde do Oeste da Bahia e colabora ativamente para garantir acesso a serviços especializados por meio das pactuações regionais. Situações como a do senhor Durvalino são comuns em todo o estado, especialmente na especialidade de ortopedia, que enfrenta alta demanda. Inclusive, o Governo da Bahia tem promovido investimentos importantes — como a recente inauguração do Hospital Ortopédico do Estado — com o objetivo de reduzir os tempos de espera e ampliar o acesso cirúrgico a pacientes de todo o interior.
Reafirmamos que o paciente citado nunca esteve desassistido e que todas as providências cabíveis foram adotadas desde sua chegada ao hospital municipal. Rechaçamos, com responsabilidade, qualquer tentativa de deturpar a realidade com fins de desinformar ou gerar alarde político, especialmente quando se trata de situações sensíveis que envolvem a saúde e o sofrimento de uma família.
A Secretaria Municipal de Saúde permanece à disposição da população, da imprensa e dos órgãos de controle para quaisquer esclarecimentos, e segue trabalhando diariamente com seriedade, empatia e compromisso com a vida.
A necessidade de responsabilidade na informação
O Folha Corrente apurou que a reportagem que deu origem à polêmica não consultou documentos oficiais, tampouco solicitou manifestação da gestão municipal antes da publicação. O resultado foi a propagação de interpretações parciais que alimentaram polêmicas políticas, como esperava o parlamentar que passou a informação, e dúvidas na população. Em temas que envolvem saúde e sofrimento real, é essencial que todas as versões sejam ouvidas e que os dados técnicos sejam apresentados de forma transparente.
Nossa redação reforça o compromisso com o jornalismo responsável e com a checagem rigorosa de informações, sempre priorizando a verdade e a dignidade de cada cidadão.