Por Lúcio Vérnon — Editor geral
O cenário político de Correntina sofreu mais uma reconfiguração significativa nesta semana. O vereador Nelson Conceição dos Santos, mais conhecido como “Nelson Carinha,” anunciou publicamente sua saída da base do ex-prefeito Maguila para compor a base do atual prefeito Mariano. A movimentação foi oficializada durante a última sessão da Câmara Municipal, realizada na terça-feira, 3 de junho, uma semana após o vereador Will ter se afastado da base do governo.
A decisão ocorre em meio a um momento de reposicionamento político na cidade. Recentemente, Will também rompeu com o grupo do prefeito Mariano, alegando desentendimentos internos com o chefe do Executivo e seu irmão, Rodrigo, atual Secretário de Governo. Mas, ao contrário do rompimento de Will, o movimento de Carinha sinaliza uma aproximação com a gestão que, até aqui, acumula apoios e resultados.
Base política fortalecida
Quando Mariano assumiu o comando do Executivo, em janeiro, contava com o apoio declarado de 8 dos 13 vereadores. Seis meses depois, já são 11 parlamentares integrando sua base — restando apenas Will e Eliton da Multicel em posição claramente independente ou oposicionista.
A adesão de Nelson Carinha pode ser lida sob diversas lentes. Há quem veja reposicionamento estratégico, mas há também uma leitura pragmática: a de que a nova administração tem, passo a passo, apresentado resultados concretos, o que a torna politicamente mais atrativa. A lógica do apoio, nesse caso, pode não ser apenas de conveniência, mas de percepção de mudança real na gestão da cidade.
O contraste entre gestões
A gestão anterior, liderada por Maguila, deixou uma herança controversa. Há relatos — tanto populares quanto documentais — de desorganização na transição administrativa, dívidas com fornecedores e servidores, folha de pagamento pressionada, estruturas sucateadas na saúde e educação e pagamento de décimos terceiros salários atrasados já na atual gestão, como reconhecido até por veículos que normalmente divergem do atual governo.
Embora defensores do ex-prefeito minimizem tais fatos como parte de uma narrativa político-eleitoral, o contraste com o atual cenário é evidente para uma parcela da população. Em apenas seis meses, a gestão Mariano executou ações concretas: recuperação das estradas vicinais, substituição de lâmpadas públicas por LED, agilidade na operação tapa-buracos, implementação do programa “Fila Zero” na saúde com aquisição de vans para atendimento na zona rural, lançamento da obra da Clínica da Mulher e da Criança, retomada de campeonatos esportivos com premiação inédita de R$ 15 mil e, mais recentemente, a garantia de R$ 350 milhões para a pavimentação da BR-135 com construção do anel viário.
Além disso, há um esforço contínuo de articulação com o Sebrae e Senai para capacitação técnica, incentivo ao empreendedorismo e criação de alternativas de emprego fora da máquina pública. O programa Cidade Empreendedora e as capacitações em queijos e apicultura são exemplos recentes.
Reflexo nas alianças
Diante desse conjunto de ações, o fortalecimento da base do prefeito Mariano na Câmara parece refletir um realinhamento com as expectativas populares. Em um município onde a descrença política ainda é alta, parte dos parlamentares parece compreender que caminhar ao lado de uma gestão com entregas tangíveis é, no mínimo, coerente com a vontade popular.
Velhas práticas ou nova mentalidade?
O desafio está lançado: Correntina tem duas opções. Ou segue com uma política centrada em disputas pessoais e jogos de bastidor — como alguns velhos grupos fazem suas movimentações e ainda tentam se manter — ou reconhece que é hora de acompanhar um processo de mudança. A cidade tem dado sinais de que está cansada das velhas promessas.
Nesse jogo de xadrez político, há, sim, quem se mova para proteger interesses próprios, mas também quem perceba que, pela primeira vez em muito tempo, as peças estão se organizando em função de algo maior: a melhoria concreta da qualidade de vida da população, praticada pela gestão. A história dirá quem estava apenas sentado à janela comentando, e quem ajudou a cidade a seguir em frente.