Relatos de Descaso e Planos de Reconstrução da saúde Marcam Coletiva

Em coletiva de imprensa realizada pela Prefeitura de Correntina, o prefeito Walter Mariano, a secretária de Saúde Nice do Rosário e o controlador Jerônimo trouxeram à tona um diagnóstico preocupante sobre a situação da saúde pública no município. O evento destacou tanto as condições críticas encontradas quanto os planos emergenciais e de médio prazo para a recuperação do setor.

Entre as denúncias apresentadas, a precariedade estrutural de hospitais e unidades básicas, a saída de médicos e o déficit de insumos e equipamentos foram pontos de maior destaque. A administração também anunciou o projeto de construção de um complexo de saúde, além de um plano estratégico para reorganizar o funcionamento dos hospitais e postos de saúde.

Descaso e Precariedade: Um Retrato da Saúde em Correntina

A secretária de Saúde, Nice do Rosário, descreveu a situação como alarmante. “Encontramos unidades básicas desestruturadas, sem insumos, medicamentos e fechadas desde 24 de dezembro. O hospital municipal, que deveria atender emergências e internações, estava em condições inadequadas, com infiltrações nas paredes, leitos quebrados e até mesmo baldes para aparar água que escorria do telhado”, relatou.

Nice destacou ainda que muitos veículos da saúde estavam fora de uso. “Das ambulâncias, apenas três estavam funcionando, e mesmo assim precisaram passar por revisões emergenciais. Veículos abandonados com motores fundidos também foram localizados em distritos, como Rosário e São Manuel”, afirmou.

A equipe da Secretaria de Saúde revelou também problemas graves em infraestrutura básica dos hospitais. Faltavam alvarás sanitários e certificados de análise da água, e o controle de infecção hospitalar era inexistente. Além disso, a ausência de medicamentos e materiais básicos comprometeu o atendimento à população.

“Os Médicos Saíram por Falta de Pagamento”, Afirma Controlador

O controlador Jerônimo reforçou as denúncias ao abordar a saída dos médicos. “Os profissionais de saúde não saíram porque quiseram, mas porque não recebiam seus salários. Isso foi o que gerou a crise e a redução do atendimento. Não houve demissões, houve abandono por falta de condições de trabalho e de pagamento”, explicou.

Jerônimo também apontou a dívida acumulada com o IMUPRE e fornecedores de insumos como agravantes. “A antiga gestão não pagou sequer o básico. Isso deixou os funcionários desmotivados e o município sem alternativas imediatas”, afirmou.

O controlador do município, anda falou de como foi feita a transição de governo para que não faltassem com os serviços de atendimento. Afirmando que os documentos repassados não foram passados no tempo adequado.

Planos e Reformas: Triângulo da Saúde e Complexo Municipal

A Prefeitura apresentou um plano estratégico para reorganizar os serviços de saúde, destacando o modelo do Triângulo da

da Saúde e o projeto Expresso Saúde. O objetivo, segundo o prefeito Walter Mariano, é descentralizar o atendimento médico e odontológico, melhorando o acesso da população em diferentes regiões da cidade.

Triângulo da Saúde

O Triângulo da Saúde será estruturado em cinco distritos:

  • Norte: Setor São José, Alto da Extrema e outros;
  • Oeste: Setor São Lázaro, Odílio França, e outros;
  • Leste: Setor Dourado, Jaime Moreira, e outros;
  • Sul: Setor Itamarana, Bairro do ouro e outros,
  • Centro: Região central da cidade, área de comércios.

Cada um desses distritos contará com unidades de saúde fortalecidas, com profissionais capacitados e recursos direcionados às demandas específicas de cada localidade. Segundo Mariano, o foco será oferecer um atendimento eficiente e próximo das comunidades.

“Com o Triângulo da Saúde, os moradores não

precisarão mais se deslocar grandes distâncias para acessar serviços básicos. Vamos descentralizar e reorganizar os atendimentos, aproveitando melhor os recursos e proporcionando maior eficiência”, afirmou Mariano.

As unidades de cada distrito serão equipadas para atender consultas básicas, serviços de enfermagem, pequenos procedimentos e emergências leves, enquanto o polo central será responsável por encaminhamentos de maior complexidade.

Complexo de Saúde Municipal no Antigo SESP

Outro projeto apresentado pela Prefeitura é a construção de um Complexo de Saúde Municipal no antigo SESP, que será destinado a atendimentos de média e alta complexidade. O complexo incluirá uma policlínica, um centro de diagnóstico por imagem (CDI) e clínicas especializadas para atendimento odontológico, psiquiátrico e pediátrico.

No entanto, a concretização desse projeto pode enfrentar obstáculos. Nos foi relatado por pessoas que trabalharam em gestões passadas que o terreno do antigo SESP pertence à União, e não ao município. Apesar de a atenção básica ter sido municipalizada, o espaço físico permanece sob jurisdição federal. Caso essa informação seja confirmada, a Prefeitura terá de negociar com órgãos federais e possivelmente com partidos de oposição na esfera nacional para garantir a utilização do terreno. Esse cenário pode representar um desafio adicional, considerando o contexto político atual, em que o prefeito Walter Mariano, do União Brasil, é de oposição ao governo federal liderado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Expresso Saúde: Atendimento Itinerante

omo parte do plano de reconstrução, o prefeito anunciou o Expresso Saúde, um programa itinerante que levará atendimento médico e odontológico às comunidades mais afastadas da sede. O serviço contará com equipes móveis, equipadas para consultas, exames básicos e orientações de saúde.

“O Expresso Saúde é uma forma de levar dignidade e atendimento a todos os cidadãos, especialmente àqueles que vivem em áreas mais distantes. Queremos que a saúde chegue a cada canto de Correntina”, afirmou Mariano.

Além disso, a Prefeitura assegurou que está trabalhando para restabelecer o pleno funcionamento dos postos de saúde nos distritos, com reposição de medicamentos e insumos, além da contratação de profissionais para recompor as equipes.

Contrapontos e Críticas

Apesar dos planos apresentados pela Prefeitura, moradores de Correntina apontam dificuldades persistentes no sistema de saúde. Entre as críticas, destaca-se a capacidade reduzida de atendimento nos hospitais e a falta de especialidades médicas em algumas unidades.

Além disso, enquanto a administração afirma que os médicos deixaram seus cargos devido à falta de pagamento, há relatos de que a saída foi motivada por demissões. Alguns moradores defendem que, mesmo em condições precárias, o atendimento poderia ter sido mantido sem a redução dos serviços.

“Os problemas estruturais existem, mas a saúde poderia funcionar melhor com um pouco mais de planejamento. Reduzir especialidades e serviços foi um retrocesso para a população”, afirmou um residente.

Buscamos contato com antigos funcionários e gestores da área de saúde de Correntina, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos resposta. Reforçamos o compromisso com a pluralidade de vozes e permanecemos à disposição para futuras manifestações.

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